quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Como Criar Uma História

Olá povo.

Desta vez não tenho desculpas para meu sumiço. Simplesmente esqueci do blog. =_=

Bom, vamos ao que interessa.

Eu percebi que tem muita gente que até sabe desenhar bem, mas na hora de escrever um roteiro, criar uma história, não dá muito certo. A pessoa encontra dificuldades.

Resolvi dar algumas dicas para tentar ajudar.

Primeiro, darei dicas baseadas em experiências próprias. Vamos lá.


Sobre o que?





Uma das maiores indecisões que vejo nas pessoas que tentam criar uma trama é "sobre o que vai ser a minha história"?

Eu mesmo já passei po esta fase, então sei como é complicado decidir, pois são muitas opções e sempre queremos fazer algo que chame atenção, que seja bom e, se possível, algo diferente.

Devo falar sobre vampiros? Sobre a Alemanha nazista? Sobre futebol? Sobre um mundo futurista? Sobre romances policiais? Enfim, as possibilidades são infinitas.

Uma dica que eu dou é deixar esta decisão POR ÚLTIMO.

Vou explicar. Para você conseguir dar o seu melhor na história, você deve colocar nela coisas que VOCÊ GOSTA. Se concentre nisto primeiro.

Uma dica é, quando ver um filme, um mangá, uma HQ, uma série, etc, anote os elementos que lhe chamaram a atenção e você gostou. Não se limite só a mangás, ou só a filmes. quanto mais variadas as suas fontes, mais diversificados serão os elementos que poderá incorporar em sua história, deixando-a mais rica.

Leia livros, até letras de música pode ser boas fontes. Então anote elementos que você gostou em cada uma destas fontes. Anote tudo que gostar realmente, sério, isso vai facilitar muito sua vida depois.

Pois se você anotar os elementos (muitas vezes bem diferentes uns dos outros), já é meio caminho andado. O que terá de fazer a seguir é CONECTÁ-LOS e RELACIONÁ-LOS. Tipo, como o elemento A teria a ver com o elemento B? Ou Para o elemento X acontecer, tem que acontecer o elemento T primeiro. Com esses pensamentos, sua história vai começar a tomar forma. Comece sempre pensando o que VOCÊ QUER que apareça na sua história e trabalhe em cima de tal coisa para preencher o que falta.

Com todos esses elementos anotados, e seus pensamentos para conectá-los, será mais fácil decidir sobre o que será a história.

Uma dica também é pensar naquele filme, mangá, livro, etc que você achou ruim e imaginar como teria ficado melhor na sua opinião. E anote seu pensamento e use-o na sua história se possível.


Personagens


A dica para criar personagens mais originais e fugir um pouco do clichê é simplesmente observar as pessoas à sua volta e reparar e anotar as características delas que lhe chama a atenção. Seja manias, defeitos, pensamentos, opiniões, características físicas, etc. Tudo vale.

Ao usar tais características em seus personagens, deixa-os mais diversificados e mais humanos,tornando mais fácil de o público se identificar com eles.

Todo personagem quer alguma coisa, um objetivo próprio.  bom é fazer personagens sempre com objetivos diferentes, isto deixa a história mais interessante.

Outra dica para deixá-los mais humanos é se fazer perguntas sobre eles. Tipo: O que esse personagem quer? Por que ele quer? O que o levou a querer?

Quanto mais perguntas com repostas, mais profundo ele se torna. Porque pessoas não possuem apenas uma característica. Somos seres complicados, com várias coisas que nos compõem.


Estrutura

Lembre-se, uma história é sempre dividida em três atos: começo, meio e fim.

Neste link encontrei uma apresentação muito bacana dos elementos de cada ato e com boas dicas. É o seguinte:


Esquema da Estrutura dos Atos

ATO I (30%)
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Mundo Ordinário e/ou Gancho (Hook)
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O Incidente - Distúrbio (Inciting Incident) e/ou Gancho (Hook)
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Estabelecer situação e conflito
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Primeiro Ponto de Transição (Plot Point)
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ATO II (55%)
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Desenvolver e complicar a situação
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Ponto Central (Midpoint - opcional)
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Desenvolver e complicar a situação
preparando para o Clímax
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Segundo Ponto de Transição (Plot Point)
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ATO III (15%)
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Eventos iminentes que levam ao Clímax
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Clímax - Impacto Visual Destacado
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Epílogo (Denouement) ou Cliffhanger (Gancho para a continuação)

O Ato I





É o Ato introdutório, que não deve durar mais do que 30% da história (às vezes bem menos), senão corre o risco da audiência perder o interesse na obra devido à falta de um conflito central bem definido.

O introduzir do Ato I pode ser marcado pela descrição do Mundo Ordinário do personagem principal. No início de sua história, você começa descrevendo o personagem em seu mundo comum, na sua vida cotidiana. O que ele geralmente faz no dia-a-dia.  E é nesse lugar que ele vai ficar a não ser que algo faça ele mudar. Então bem cedo no Ato I, algo tem que perturbar (algum incidente) oStatus Quo (a situação estática). Alguma coisa sempre tem que estar acontecendo, alguma ameaça ou conflito para o personagem, senão o leitor/escpectador ficará entediado.

Se você não quiser começar a história com o Mundo Ordinário do personagem, comece-a utilizando um Gancho (Hook). O Gancho é algo que aparece no início da obra e faz a história se mover (sempre mova a história) e prende o leitor a continuar assistindo ou lendo. Por exemplo, um assassinato misterioso pode ser o Gancho inicial de uma história, e só depois é que seremos apresentados ao personagem principal e ao seu mundo cotidiano. Geralmente, o Gancho deve vir o mais rápido possível, para manter a audiência atenta. Outro Gancho interessante é começar a obra com uma imagem tão impactante que prenda a atenção de todos.

O personagem deve ter sempre um objetivo na história. E o que o faz inicialmente ir atrás desse objetivo é um Incidente (Inciting Incident), um Distúrbio que acontece em sua vida que o obriga a agir. O Incidente é evento que faz o personagem principal reagir e ir atrás de seus desejos. Uma ligação no meio da noite, um rapto, um chamado. O distúrbio não precisa ser algo grandioso e impactante. Pode ser sutil como uma campainha sendo tocada. Ele cria um interesse para a audiência, prometendo um desenvolvimento interessante no futuro. O Gancho, se não tiver sido utilizado anteriormente, pode ser incorporado junto com o Incidente. Podemos inclusive começar a história com um Incidente junto com o Gancho, se optarmos por não retratar o Mundo Ordinário. Muitas vezes, em seriados e revistas sequenciadas, não há a necessidade constante de expormos o Mundo Ordinário do personagem, pois este já é bem conhecido. Logo, é mais comum este tipo de história se iniciar já com o Incidente junto do Gancho.

O Ato I estará perto do fim quando o escritor já estiver situado sua audiência na obra. Quando os leitores/espectadores souberem quem é o personagem principal, onde ele está, o que ele quer e contra quais obstáculos ele irá lutar, será o momento de transição para o Ato II. Esse Primeiro Ponto de Transição deve marcar a passagem do personagem de seu Mundo Ordinário para um novo mundo, desconhecido e permeado por mudanças. O ideal é agora não haver chance de retorno do protagonista para sua antiga vida, ou seja, uma linha divisória foi cruzada. É comum esse Ponto de Transição vir acompanhado de uma cena ou imagem impactante (impacto visual destacado).


O Ato II



Provavelmente, a escrita do Ato II seja a tarefa mais complicada de se fazer em uma obra. Correspondendo
a praticamente mais da metade de uma história, o Ato II deve ser construído de maneira que mantenha o interesse da audiência e prepare terreno para o grande final. Não é tarefa fácil.

O escritor deve começar a intensificar e desenvolver os obstáculos enfrentados pelo protagonista. Deixe-o com muitos problemas. Você deve tentar convencer a audiência de que o personagem principal está em apuros e não vai conseguir o seu objetivo. Escreva cenas que estiquem a tensão, aumente o que está em disputa e mantenha os leitores/espectadores preocupados, caminhando em direção ao Ato III de forma inevitável. É o princípio da Ação Crescente (Rising Action), ou seja, a cada cena, o enredo vai  tornando-se mais intenso, a ação maior, cada perigo mais ameaçador, cada dificuldade mais complicada, tudo mais complicado do que veio anteriormente. Lembre-se que ação nem sempre significa luta física.

Outra maneira de desenvolver o Ato II é trabalhar com Subenredos (Subplots), dando mais destaque para personagens secundários e suas relações entre si e com o personagem principal. Os Subenredos mostram outros lados da vida do protagonista, e também são utilizados para construir maior credibilidade para o mundo ficcional retratado pelo autor, dando uma dimensão de variedade e às vezes desvinculando um pouco a história do seu objetivo principal, fornecendo fôlego para a audiência. Esses Subenredos devem ser tratados da mesma maneira que o enredo principal, sempre caminhando em direção a uma conclusão. Não caia no erro de, por exemplo, iniciar um Subenredo de romance e no final da obra não conclui-lo. Só não esqueça que em algumas ocasiões, o ideal não é acrescentar personagens e subenredos, e sim retirar.

Muitas obras acrescentam no Ato II uma nova reviravolta chamada de Midpoint (Ponto Central), fazendo com que basicamente a estrutura tenha 4 atos, acelerando e intensificando os conflitos. É como se fosse o ponto central do Ato II.

Quando o escritor desenvolver as situações e complicações, e houver preparado o caminho para o final, chega-se ao fim do Ato  II. É hora do Segundo Ponto de Transição, que é o caminho sem volta para o Clímax. Novamente, o Ponto de Transição pode ser marcado com uma cena ou imagem impactante (impacto visual destacado). É bom salientarmos que o enredo pode ter inúmeros Pontos de Transição, ou seja, pontos de mudança na história. Porém, de todos esses pontos, o ideal é apenas dois terem grande destaque.


Ato III





O início do Ato III é literalmente o início do fim. O protagonista começa a decidir o seu principal problema.  É sempre interessante fazer uma cena final de confronto, chamada de Clímax. Deve ser algo grandioso para o personagem, o momento de definição. A luta contra um inimigo mortal ou a simples resposta da pessoa amada. O Clímax deve ser recheado de suspense e tensões.

O Ato III deve ser curto, no máximo 15% da obra, e no fim praticamente todos os conflitos mostrados na história devem alcançar um desfecho, mesmo que seja um desfecho misterioso ou aberto, mas que deve ser pelo menos sugerido. Nunca deixe a audiência na dúvida sobre exatamente como ou porque algo aconteceu (a não ser que seja sua intenção).

Após o Clímax, muitas histórias acabam com um Epílogo(Denouement), uma cena breve que lentamente desliga a audiência do mundo ficcional. O Epílogo pode ser também utilizado para responder algumas questões deixadas pra trás, destacar as mudanças realizadas nos personagens (arcos dos personagens), ou indicar o que acontecerá com eles depois. Mas seja sempre breve. Um dos erros mais incômodos é quando o escritor prolonga o epílogo além do necessário, arrastando a obra por minutos aparentemente intermináveis.

Quando uma história não se encerra totalmente com o Ato III, como no caso de algumas histórias em quadrinhos e séries continuadas, o escritor tem a opção de deixar um Gancho no final para atiçar a curiosidade da audiência e fazer com que ela assista a sequência. Esse Gancho final é chamado tecnicamente deCliffhanger. Um dos exemplos mais conhecidos de Cliffhanger no cinema é o final do primeiro De Volta para o Futuro, que já deixa o caminho aberto para uma continuação.



Duração

Comece sempre com ideias curtas. Não pense em fazer de cara uma história de 300 capítulos. Primeiro pense num argumento simples. E tente resumir a história em poucos parágrafos. Histórias curtas são boas para você fazer testes e ver o que funciona ou não. se quiser fazer algo longo vá aos poucos criando histórias se duração maior. Mas se foque primeiro em coisas curtas.

E mesmo em histórias longas, deve-se começar com argumentos breves, pois os detalhes que a farão longa serão acrescentados e desenvolvidos aos poucos.


Dicas de profissionais




Acho que todo mundo aqui conhece os filmes da Pixar. Bom, é inegável que as histórias deles são tocantes e divertidas, agradando a todas as idades. E qual é o segredo? Como conseguem esta façanha?

Clicando neste link você poderá conferir as 22 regras da Pixar para criar uma história cativante. São dicas muito boas a serem estudadas.


Concluindo

Bom, é isso. Lembrando que mesmo com todas estas dicas, o que vale mesmo e determinará se sua história será boa ou não é o seu esforço e empenho para fazê-la. E escreva bastante, nada de esperar bater a inspiração (vulgo preguiça).

Então, mãos à obra e boa sorte a todos :)

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