quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Mangá Brasileiro? (Parte 1)

Opa, desculpem a falta de postagem ontem. Eu acabei não tendo tempo. Mas para compensar isso hoje eu vou trazer duas postagens para vocês (ebaa! :D).

Como o título da postagem sugere, hoje vou tratar dos "mangás brasileiros". E, afinal, isso existe?

O que define algo como sendo mangá, afinal? Acredite, se começarmos esta discussão, ela durará horas.

Vou dar um exemplo. Alguém pode dizer que mangá são histórias em quadrinhos feitas no Japão. Mas então se alguém fizer uma história em quadrinhos com todas as características de uma mangá, mas em outro país, vai deixar de ser mangá?

Podem dizer que mangá é uma história em quadrinhos feita por japoneses. Mas então se um japonês fizer uma história no estilo dos comics americanos, ainda assim vai ser mangá?

Podem falar que mangá é história em quadrinhos em preto e branco. Mas inúmeros outros quadrinhos ao redor do mundo são preto e branco. E se mangá não pode ser colorido, então isto, não seria considerado mangá:



A imagem é do mangá Saint Seiya: Next Dimension, que narra a continuação de "Cavaleiros do Zodíaco" após a saga de Hades. Não vi ninguém reclamando que não é mangá só pelo fato de ser todo colorido.

Mas aí podem usar o argumento que mangá é lido de trás para frente. Porém, isso não é uma regra. O mangá só é lido de trás para frente no Japão por mero costume. Os quadrinhos deles evoluíram desta forma, com tal sentido de leitura. Eles não definiram nada do tipo "nossos quadrinhos vão ser lidos de trás para frente porque vai ser uma característica única dos mangás". Foi por acaso. Por exemplo, lá no Japão também é publicado os quadrinhos da Turma da Mônica. Só que eles invertem o sentido da leitura para ficar mais agradável a eles. E só por isso vai deixar de ser uma história em quadrinhos brasileira? não.

Viram? Se a discussão continua, cada vez mais detalhes vão sendo usados para tentar embasar a afirmação de que não pode haver mangás fora do Japão.

Para mim, o que caracteriza o mangá não são os detalhes mais evidentes, como os olhos grandes dos personagens. Há um tipo de mangá chamado Gekigá que utiliza um traço realista (sem olhos grandes) e também mostra uma história mais madura, sem os clichês mais conhecidos de mangás como Dragon Ball, Naruto, etc. Então tais características não podem ser usadas como argumento.

A linha que difere o mangá de outros tipos de quadrinhos é mais tênue do que se pensa. As diferenças estão nos pequenos detalhes, e não nos grandes.

E se ainda não está satisfeito, leitor, sobre um brasileiro tentar fazer um mangá, poderia dar um olhada nisto. O que mostra que até mesmo os próprios japoneses reconhecem nosso talento quando a coisa é bem feita.

Infelizmente, mesmo com todos os argumentos do mundo, tem gente que simplesmente não aceita que pessoas de nações diferentes tenham gosto por praticar elementos de uma mesma cultura, por puro preconceito. Já aconteceu comigo. Após fazer um desenho na estética do mangá, ler um comentário do tipo "é muito triste brasileiros desenhando como japas. OBRIGUE-ME A PENSAR DIFERENTE".

Tem muito discurso do tipo "valorize sua própria cultura". Tudo bem, mas não significa que você ou eu não possa ter interessa na cultura de outros povos. Vários desenhistas famosos da MARVEL e DC são brasileiros, e as pessoas não os chamam de traidores da nossa cultura só por desenharem em estilo americano. Do mesmo modo como tem muito mangás e animes que se passam inteiramente em outro país, e ainda assim os produtores não estão renegando seus costumes. Alíás, temos até o exemplo do anime Michiko to Hachin que se passa inteiramente no Brasil.

Enfim... já falei demais sobre o conceito. Não falei que uma discussão demoraria horas? =p

Vamos ao que interessa. Os Nossos mangás brasileiros.

Você pode não saber, mas a história das revistas em quadrinhos imitando a estética japonesa em nossas terras é bem antiga. Mais que eu e você.

Em 1964, o Minami Keizi (quadrinista nipo-brasileiro) apresenta “Tupãzinho” (personagem inspirado em Astro Boy de Osamu Tezuka).


Foi a partir daí que as portas para os mangás brasileiros foram abertas aqui.

Nós torcemos o nariz para nossas produções de mangá também devido aos traumas que sofremos pela qualidade das mesmas. Como esta postagem está ficando maior do que pensei, vou dividí-la em duas.

Na parte 2 abordarei sobre exemplos das investidas BOAS e RUINS de nossos mangás nacionais.

Não deixem de conferir.


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